domingo, 22 de maio de 2022

O cadeirante

Tenho um amigo cadeirante, bem jovem, como todos os outros amigos que serão citados neste blog. Esse certa vez me revelou algo que ainda não tinha parado para pensar. Disse-me: "Não gosto que me chamem de cadeirante, sou um menino, mas não um cadeirante". Primeiramente dei toda razão a ele, e ainda o aconselhei: "Faz assim, quando te chamarem de cadeirante, responda: Bom dia sr. andante! Meu amigo deu muitas risadas, e é de rir mesmo.

Mas pensando bem, estar sobre uma cadeira de rodas a maior parte da vida, não é algo insignificante. E parece-me que até justifica a alcunha de cadeirante. Afinal, passar tanto tempo numa cadeira de rodas, é cotidianamente estar montado num paradoxo. 

Veja só, a cedeira é um objeto estritamente feito para ficar parado. Tudo bem que nos carros tenhamos os bancos, que são como que cadeiras mais confortáveis. Entretanto, quem anda é o carro e não os bancos. Já a cadeira de rodas anda. Estamos falando da improvável junção de um objeto feito para ficar parado, com outro que não tem utilidade senão estar em movimento, as rodas. Temos, então, a cadeira de rodas.

Em verdade ser chamado de cadeirante, não é algo tão sem sentido assim, pois, se por um lado é um objeto que representa muitas dificuldades para quem o usa, por outro é um engenhoso feito da inteligência humana. A agora ser resumido a apenas um cadeirante, é coisa que não faz o menor sentido. 


O cadeirante

Tenho um amigo cadeirante, bem jovem, como todos os outros amigos que serão citados neste blog. Esse certa vez me revelou algo que ainda não...