Tenho um amigo cadeirante, bem jovem, como todos os outros amigos que serão citados neste blog. Esse certa vez me revelou algo que ainda não tinha parado para pensar. Disse-me: "Não gosto que me chamem de cadeirante, sou um menino, mas não um cadeirante". Primeiramente dei toda razão a ele, e ainda o aconselhei: "Faz assim, quando te chamarem de cadeirante, responda: Bom dia sr. andante! Meu amigo deu muitas risadas, e é de rir mesmo.
Mas pensando bem, estar sobre uma cadeira de rodas a maior parte da vida, não é algo insignificante. E parece-me que até justifica a alcunha de cadeirante. Afinal, passar tanto tempo numa cadeira de rodas, é cotidianamente estar montado num paradoxo.
Veja só, a cedeira é um objeto estritamente feito para ficar parado. Tudo bem que nos carros tenhamos os bancos, que são como que cadeiras mais confortáveis. Entretanto, quem anda é o carro e não os bancos. Já a cadeira de rodas anda. Estamos falando da improvável junção de um objeto feito para ficar parado, com outro que não tem utilidade senão estar em movimento, as rodas. Temos, então, a cadeira de rodas.
Em verdade ser chamado de cadeirante, não é algo tão sem sentido assim, pois, se por um lado é um objeto que representa muitas dificuldades para quem o usa, por outro é um engenhoso feito da inteligência humana. A agora ser resumido a apenas um cadeirante, é coisa que não faz o menor sentido.